sexta-feira, 26 de junho de 2009

SAQUAREMA TERRA DAS MIL E UMA ONDAS







Era mais ou menos o ano de 1973, eu era um garoto bem fraquinho que morava em Niterói (cidade que apesar de já ter produzido surfistas famosos é pouco constante de ondas), e que devido a uma casa alugada em Saquarema (na praia da Vila), ia tomando conhecimento da existência do Surf.. Quando consegui comprar minha primeira prancha de fibra (antes pegava onda de prancha de isopor na Vila) feita pelo Penho a partir de um antigo “PRANCHÃO” (que era roxa e parecia uma tampa de caixão), parti com muita fome para meu primeiro dia de surf. Saímos da vila (que não estava legal) eu e meu amigo Marcelo (hoje o popular Marcelo Parceria pai do surfista profissional Yan Guimarães), caminhando para Itaúna pela estrada que naquela época era quase toda de areia, no caminho pegamos carona com um dos primeiros construtores da região, seu Modesto, fomos num antigo Jeep Willis sacudindo bastante pela tortuosa Avenida Oceânica.
Chegando ao pico as ondas estavam incríveis picos de seis pés azuis quebravam para direita e esquerda num dia lindo de sol. A brisa de leste e o cheiro forte da vegetação da restinga (que àquela época era abundante), o visual do canal como um rio azul sinalizando a direção do pico: davam a nítida impressão de paraíso.
Fiquei sentado na beira do canal louco para entrar, mas sem condições técnicas muito menos física, quando vem correndo o Bocão que apesar de ser só dois anos mais velho que eu, já era um garoto bem forte (provavelmente por ser local de Copacabana). Pensei comigo: vou entrar atrás desse cara e ser também um dos bons surfistas. Fui entrando tranqüilo a corrente me levando, a água azul, picos lindos quebrando e eu delirando, distraído, amarradão, viajando naquela experiência, quando estávamos quase no pico entra uma série linda um garoto loro dopra a melhor da série e o Bocão grita: destrói ela Príncipe (era o príncipe João de Orlleans e Bragança), meu delírio aumentou mais ainda, não me toquei que já estava embaixo do pico de leste a série entrou os caras mais fortes e experientes sumiram remando rápido, fiquei sozinho e acabei tomando o pior caldo de minha vida, sendo arrastado um bom tempo embaixo da água quando consegui retornar à superfície a segunda onda já vinha quebrando afundei de novo sem pegar ar, quando já achava que ia morrer a onda me soltou e quando vi já estava bem próximo da areia sai arrasado mal conseguia andar meu amigo morria de rir, mas apesar de toda frustração eu havia tentado surfar um dos picos mais casca grossa do Brasil, e sem saber disso, voltei andando para a Vila com uma das piores frustrações de minha vida.
Muitos outros dias de tentativas e treinos foram necessários para que finalmente eu pudesse aproveitar toda a perfeição e power das ondas de Itaúna. ALOHA.






Mario Sergio Xavier

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